Considerando a
geração atual precisamos sempre adaptar atividades que envolvam as TICs
-Tecnologias da Informação e Comunicação, assim como as TDs- (Tecnologias
Digitais) em sala de aula presencial. Penso que, se o nativo/residente digital
traz uma bagagem de informação o professor não deve desperdiçar as
possibilidades de aprendizagem. É incumbência do educador redimensionar uma
proposta pedagógica que, motive o aprendiz ajudando-o a desenvolver as suas
potencialidades e estilos próprios de aprender. Dentre as possibilidades e
processos estratégicos para a aprendizagem, reflito a dimensão dos estilos de
aprendizagem que os discentes incorporam e vivenciam no espaço virtual.
Nas turmas as quais
desenvolvi aulas-atividade há quase 2 anos, na Prefeitura do Recife-PE, percebi
toda uma dimensão de estilos de aprendizagem no virtual e presencial que
instigou o processo de ensino e aprendizagem e, portanto, necessitou de
diversas observações e análises estratégicas que suscitaram em intervenções
pedagógicas no processo de aprendizagem individual e coletiva do aluno.
Pois, pensar uma sala
de aula homogênea em plena era digital onde a relação de transposição de redes
em meios a tantos softwares e aplicativos, é reafirmar uma impotência cognitiva
e relutante da classe profissional de docentes, quanto a aplicabilidade das
estratégias didáticas que devem ser contempladas em suas diversidades, sem
esgotar a relação síncrona e assíncrona entre o professor e o aluno numa
dimensão que os contextos sejam contemplados.
Nessa dimensão,
pensando a teoria e prática, realizei com 4 turmas durante o anos letivo/2015
alguns trabalhos, entre eles: os que refletiam a cultura, o conhecimento, a
busca profissional, a vivência diária escolar e a dimensão social, os contextos
das relações familiares em conjunto com a abordagem reflexiva sobre
questões étnico-raciais, consubstanciadas pela lei 10.639/03, transcrita no
currículo escolar como ferramenta pedagógica a contribuir para o ensino
politizado à medida que, o entendemos como artefato das questões de poder e identidade.
Nesse processo de
ensino e aprendizagem foi possível, entre as análises, perceber o quanto
modifica a forma como os alunos são identificados e como se veem na dimensão
escolar, e como eles gostariam de serem vistos no meio social.
O resultado do projeto
didático vivenciado confirmou o problema inicial de que: os alunos do
Ensino Fundamental do 4º, 5º anos e de correção de fluxos, residentes digitais,
tem reconhecimento igualmente nivelado, quanto às questões étnico-raciais, no
processo de autorreconhecimento sócio-interacionista na modalidade
de ensino presencial assim como, transpõe a confirmação na rede social
"Facebook".
Assim como,
confirmaram as questões das análises realizadas, entre elas:
1. Os
alunos do ensino fundamental do 4º, 5º anos e de Correção de Fluxo,
residentes digitais, não possuem autorreconhecimento ético-racial em sala de
aula presencial?
2. Como acontece o
processo de autorreconhecimento ético-racial na rede social "Facebook"?
3. Como os alunos
identificam-se ético-racialmente em sala de aula?
4.
Existe aceitação igualmente nivelado, quanto às questões ético-raciais
em sala de aula e na rede social "Facebook"?
Quanto às características
físicas relatadas em entrevistas e textos dissertativos pelos 66 alunos analisados
no presencial e identidades virtuais analisadas, através dos perfis e
inferências de diversas postagens entre grupos dos níveis de ensino analisados,
foi possível confirmar os seguintes dados:
Na sala de aula
presencial, 46 alunos negros, afirmaram que gostariam de ter olhos azuis
ou verdes, cor da pele clara, branca ou parda. As informações foram transcritas
no desenvolvimento dos textos e nas apresentações de grupos como: “sou
moreno clarinho ou morena clarinha". Quando não, tinha no
discurso: "meu pai é preto, mas
minha mãe é branca e, eu puxei a ela." "Eu nasci mais
branquinho, mas com o sol da praia do Pina eu fui escurecendo e, agora, eu sou
moreno puxando mais pra cor do meu pai que, é moreno escuro".
Nesse processo de autorreconhecimento sócio-interacionista foram
declarantes, apenas, 2 dos alunos como: "Sou negro/negra, professora.
Melhor dizendo, minha família toda é negra". Portanto,
dos 66 analisados foram os únicos alunos que apresentaram autoconhecimento
ético-racial em sala de aula e na rede social "Facebook".
Na rede social "Facebook",
dos 66 alunos avaliados, 64 apresentam perfis e diálogos completamente
diferentes da realidade ético-racial, confirmando o que transmitiram nas apresentações
dos grupos em salas de aula e nos textos desenvolvidos nas atividades
solicitadas.
Em hipótese alguma os
demais alunos identificaram-se, mesmo afrodescendentes, como negros.
A terminologia "Negra/ Negro" era modificada verbalmente e
descritivamente nas produções textuais e nas interações no "Facebook"
como: “sou moreno claro ou mais ou menos escuro, sou morena clara ou mais ou
menos escura”. Contudo, o não autorreconhecimento em sala de aula foi bem
maior. Pela analise realizada nas coletas de perfis de redes, dos 66 alunos, 20
tinham dificuldades de acesso na rede, pois, dependiam de lan house. Logo, as discussões
eram trazidas para sala de aula, objetivando que a interação fosse realizada.
Dos 66 alunos
analisados foi possível constatar que: no presencial 46 se autoafirmaram
"brancos" ou "moreno clarinho ou morena
clarinha". No “Facebook”, 20 deles autoafirmaram reconhecimento ético-racial.
Embora desses 20 alunos avaliados, 15 demonstraram e reafirmaram preferir ser
vistos diferentes em suas características da realidade ético-racial, não
aceitando a condição de autorreconhecimento raciais naturalmente declarados:
"não aceito ser negro". Os 5 restantes afirmaram reconhecimento. Dos
5 alunos, 3 afirmaram: "sou negro (a), mas prefiro não falar da cor da
minha pele, porque é muito diferente da turma, professora". E, apenas, 2
declararam ser negro/negra , inclusive, relacionando ao meio social a qual
pertencia.
As análises foram
realizadas a partir dos trabalhos produzidos pelas turmas nas aulas-atividades,
desenvolvidas durante o ano letivo/2015.
A proposta foi
desenvolver textos descritivos a partir da criação de uma obra de arte, com
o software Mywebface, em que os alunos teriam que realizar a criação
de um avatar que representasse as características físicas do (a) aluno (a).
A representação
deveria ser a identidade dos mesmos, na vida presencial e virtual. Nesse sentido, a construção deveria transpor a
rede social "Facebook" para análise.
O tema da aula
vivenciada como prática de ensino foi: COMO ME VEJO? Assim
sendo, os alunos desenvolveram textos descritivos de como se viam.
Em seguida foi solicitada
uma identidade presencial e outra virtual.
Para fechamento das análises
foram desenvolvidas atividades em forma de desenho nas produções de textos em
sala de aula, assim como, desenvolvemos algumas técnicas de pintura com lápis
de cor, giz de cera e tinta guache. Assim, foram possíveis as possibilidades da
identificação ético-racial a qual propus.
Para o virtual a
produção artística individual foi desenvolvida, através do Software Mywebface que solicitava diversas inferências do (a) aluno
(a).